ANTROPOLOGIA - ÍNDIOS - AMBIENTE

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Terra Indígena Bananal: Territorialização Tapuya a materialização da presença indígena em Brasília


Por:  Frederico Flávio Magalhães


Brasília nasceu, com uma de suas principais responsabilidades de nova capital; tratar as questões relacionadas a todos os Povos Indígenas do Brasil, conforme a Constituição Brasileira que sempre manteve as atribuições da relação entre o Estado e os Povos Indígenas na alçada federal, ou seja, na responsabilidade da União. Construída em um território que antes da sua concepção, foi terra de etnias do cerrado, Brasília nunca permitiu que em seu desenho urbanístico fosse considerada a presença indígena. Ao contrário, foi orientada para negar os aspectos étnicos do seu povo. Desde o dia de sua inauguração, a visitação dos povos indígenas é muito intensa e o tratamento que desde sempre receberam na Capital foi a indiferença e o desprezo que ainda marcam sua história. A participação dos povos indígenas na construção de Brasília se faz desde o começo de sua implantação através da participação de mão-de-obra indígena. É importante a saga do Povo Fulni-Ô que partindo de Pernambuco vem participar de sua construção estabelecendo território na Capital. Como forma de resistência cultural se reorganizam culturalmente em novo território para manter a sua identidade indígena . Aqui seus Pajés se dedicam ao culto sagrado em seus rituais e manifestações religiosas ancestrais, revelando a presença indígena em contraponto histórico a propalada extinção dos povos indígenas nesta região desde os tempos da devastadora bandeira de Anhanguera. Cabe a Brasília, o reconhecimento da Comunidade Indígena Bananal, que ocupa por mais de cinquenta anos um território tradicional próximo ao Córrego Bananal, e resgatar neste momento a dívida histórica que nossa sociedade brasileira tem para com os povos indígenas. Este reconhecimento significa admitir a modernidade, marca identitária de Brasília e assumir de forma adequada a contribuição que o modo de vida indígena pode imprimir a nossa dinâmica de cidade inventada. A disseminação de princípios e valores humanos, atributos milenares das sociedades indígenas baseados na reciprocidade, solidariedade e justiça social, que somadas a vocação ecológica das comunidades indígenas, estabelecem uma relação equilibrada entre o homem e a natureza, impõem a Brasília a obrigação de assimilar um novo ordenamento urbano ao admitir a presença indígena na sua estrutura como solução para um crescimento sustentado. Reconhecer o território indígena em Brasília representa simbolicamente estar reconhecendo pelo próprio país a sua ancestralidade indígena, formadora permanente dos nossos princípios enquanto civilização autônoma. As questões territoriais relacionadas a história da presença indígena em Brasília e seus aspectos jurídicos asseguram a Comunidade Indígena Bananal a sua presença permanente na estrutura da Capital do Brasil, cabendo às instituições envolvidas, uma mudança de atitude para tratar os indígenas como brasileiros culturalmente diferenciados e brasilienses na sua cidade.

Trabalho completo em :